22 de fevereiro de 2014

E o sexo no casamento?

[A certa altura do casamento, as mulheres chegam a ter a menstruação 3 vezes por mês]

 

É a falta de sexo culpada pelo fim das relações, ou é antes a falta de boas relações culpada pelo fim do sexo e pelo fim das relações?
Estamos assim tão mal no sexo marital? É a vida sexual do casal, um deserto sem fim?
Se viajarmos até lá atrás, até à fase troglodita do casamento, aquela em que casar era ter a possibilidade de fazer sexo diariamente, sem a canseira da conquista do outro, em que se praticava um sexo preguiçoso, sem encanto e sem sedução, na posição de missionário e de luz apagada, conseguimos tirar algumas conclusões sobre o que poderá estar a acontecer aos casais desta geração. Falo obviamente dos que ainda têm tesão, ou que pelo menos a podem comprar na farmácia.
Conheci, (e ainda conheço) muitos casais cuja atividade sexual era ditada pelo macho-alfa da relação e que era uma atividade equiparada à preparação do jantar ou ao tirar borbotos das camisolas de lã.  O sexo era uma tarefa doméstica, preferencialmente diária, e muitas vezes de ordem absoluta, em que a mulher era subjugada e orientada desde cedo, pela sociedade e pela família, a acatar sem perguntas os desejos do seu querido marido.
Os tempos mudaram muito, e hoje em dia as coisas são encaradas de outra forma e com outra maturidade. Com a emancipação e a independência financeira das mulheres, estas passaram a dispor do seu corpo a seu bel-prazer, e isso foi a maior das revoluções, talvez a tal revolução sexual que as portuguesas nunca tiveram. E falo aqui de uma coisa que antes simplesmente não existia na vida dos casais, e que se traduzia na impossibilidade da mulher dizer não ao sexo marital.
Hoje a mulher diz não sem se explicar, e o homem também pode dizer não, sem ser conotado de impotente ou maricas, e isso, a bem dizer, veio transformar os casamentos para todo o sempre.
A par disto ou por sua consequência, tende a acabar um dos últimos tabus da nossa sociedade.
O numero de vezes que os casais praticam sexo depois de casados, depende mais da partilha das atividades domésticas do que do amor entre eles. 
O casamento é uma troca diária. Troca-se o passeio do cão, pelo despejar do lixo; o fazer o jantar pelo banho das crianças; o leite do menino pela troca da fralda, e tudo isto é trocado por sexo. É só isto. E nada mais do isto. Se esta troca correr bem, então temos o problema dos casais resolvido.
Só não resolve o problema da falta de amor, mas ajuda bastante em todos os outros casos.
Gostava de fazer perceber que a infelicidade de alguns casais não está tanto na quantidade de vezes que fazem o sexo por semana, mas sim, na miserável relação que têm no desenvolvimento e na partilha, sobretudo na partilha, das tarefas domésticas e de lazer.

Uma relação só baseada em sexo, pode ser muito boa para certo tipo de pessoas, mas só para aquelas que não estão ainda preparadas para perceber que desenvolver um relacionamento duradoiro, desses que as mulheres e os homens gostam, é preciso dar tudo por tudo na relação doméstica e na partilha. Ser um Adónis no sexo, ter um peito musculado como o Hércules, dois palminhos de cara e uma voz sedutora, por si só, não chega para porcaria nenhuma. Se lhe juntas 600 euros por mês na conta, e duas pernas traçadas em cima da mesa da sala à espera do jantar, tens aí o futuro divorciado.
Tenho estado atenta aos casais de longa duração (entre os 7 e os  15 anos de casados) e a verdade é que denoto maior fadiga nos casais que se separam para se divertir, que se separam constantemente para estar com os amigos, que insistem em chegar tarde todos os dias, os carreiristas, os que dividem a carteira ao fim do mês, e os que atiram para cima do outro a maior fatia das tarefas da casa. Para estes casais a relação vai acabar por azedar. E algumas já acabaram por se desfazer.
O caso dos casais, ou de um elemento do casal, que faz(em) a sua relação depender ou basear-se no desempenho sexual ou no número de vezes que pratica(m) sexo, é uma relacionamento que está também condenado à partida. Há  teorias bastantes contrárias a esta conclusão que encaram a diminuição da frequência sexual como o princípio do fim das relações, mas estas teorias estão em grande desuso, já que os novos casais se deparam com uma imensa falta de tempo e estão também eles em grande mutação. Quem fica para trás, agarrado a conceitos antiquados de família, terá grande dificuldade em ter uma.
Para começar, há que ter a consciência e aceitar que o sexo deixa de ser nos casais de longa duração e até nos mais recentes, tão frequente quanto o era no início da relação. E não estou a falar da 3ª idade, estou a falar nos casais novos, com ou sem filhos pequenos ou adolescentes, que trabalham e lutam em conjunto para viver uma vida normal. Que mal tem em fazer sexo 1 vez por semana? E se for 1 vez por mês?
Esta nova condição das famílias e a aceitação desta alteração da vida sexual dos casais, é coisa de grande importância e deve ser muito pensada.
Porquê? Porque esta diminuição é mesmo incontornável, e não é apenas numa única altura da relação, mas em muitas alturas, por vários motivos de ordem pratica, psicológica e até fisiológica, que não interessam agora enumerar, pois que são imensos.
E o que eu vejo é que os casais que entendem isto, são muito mais felizes.
Já aqueles que pensam que casar é só ter possibilidade de fazer sexo diariamente, sem a canseira da conquista do outro, só pensar em si e não tratar das coisas lá de casa, como cozinhar, estender a roupa, ajudar com os miúdos etecetera, então escusa de casar, que lá em casa, a mãe pode faze-los muito mais felizes, e sem perguntas.
Eu não me canso de dizer, que a vida sexual do casal tem dias. Tem fases.
É preciso pensarem bem os motivos que vos levam a diminuir o número de vezes que têm sexo, e serem maduros o suficiente para perceberem se a vossa relação é equilibrada e se estão a contribuir da mesma forma para manter a família unida e feliz.
Às vezes basta abrandar um bocado o ritmo, deixar os miúdos nos avós, faltar ao trabalho numa 4ª feira para irem juntos fazer qualquer coisa.
É que não somos criados uns dos outros, somos companheiros de luta, e na luta lutamos de igual para igual e com as mesmas armas. Isso é justiça. O resto é treta.

É a falta de sexo culpada pelo fim das relações, ou é antes a falta de boas relações culpada pelo fim do sexo e pelo fim das relações?
 
Parece obvia, esta resposta.
Respeito.



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