25 de março de 2014

As uvas também prescrevem?

Sim, prescrevem. O que aconteceu ao Jardim Gonçalves comigo, repentina e irreversivelmente, pode facilmente ser comparado a um vulgar cheque careca, a um pneu careca ou mesmo a um homem careca.
Não que eu tenha ficado repentinamente com falta de pelo na venta, mas parece-me que estes exemplos, chegando a uma certa altura da vida, tal como eu cheguei por estes dias, me parecem de fácil comparação, ainda mais se for com a minha pessoa.
Senão vejamos:
Não passo de um cheque careca. No início todos me tomam à séria, creem mais na forma do números,  do que no conteúdo (da conta), e eu avanço com grande firmeza, cheia de números à direita, com umas oito ou nove casas decimais e um extenso de fazer cantar um galo. Assim de longe, e a olho nu, sou um cheque das arábias, do Dubai, mas se alguém se detém na perfeição da assinatura ou na rugosidade do papel, é certo como o destino: bato na trave e fico sem cobertura, e o chorudo cheque passa logo da validade.
Comparo-me também a um pneu careca, e tenho tirado interessantes ilações sobre este tema. Se por um lado sou uma rapariga rodada madura, com anos de experiência na estrada (da vida), basta aparecer a chuva ou ficar geada e é despiste na certa. 
Metam-me umas quantas horas em cima do tejadilho, especialmente depois do expediente, e ficam logo a perceber a fraqueza do motor. É como se me enrolassem umas correntes de neve à volta das pernas; fico estática no mesmo lugar, a derrapar e a fazer fumo. Aliás, fumo é o que mais me aparece por estes dias, já que fogo que é bom, nem vê-lo.   
E com tudo isto, cheguei a uma triste conclusão: até um homem careca tem mais nichos de mercado que eu, pois se formos pelo que o povo diz, é dos carecas  que elas gostam mais* e apesar de eu própria, ser bastante careca e nem sequer na zona axial me nascerem cabelos, era de uma tremenda injustiça querer comparar-me a um homem que teve, lá no passado, uma farta cabeleira. Comigo nunca aconteceu. Tive sempre (só) três cabelos com raízes, e ultimamente já só tenho as raízes.
Áhhh e tal, estás ótima, pareces a minha tia mais nova...o tanas, que
 eu bem sei que toda a gente ninguém vê a minha papada, e que ignoram os abanicos que me nasceram nos antebraços. Isto, já para não falar nos 3 (rios) riscos que ocupam toda a minha testa ou nos joanetes salientes que mais parecem um sexto dedo a fazer esquadria.
A verdade é esta, nua e requentada crua. 
Prescrevi!
Quem é que quer uma uva recauchutada? E quem é que se mete com uma mulher que se deita (a dormir ferrada) nas curvas?
E o pior nem é isso. O pior é saber que por esta altura, já não há recurso que me salve.
Nesse aspeto sinto-me um pouco melhor que o Jardim Gonçalves.
Ainda não cheguei a bagaço...
Mas já não deve faltar muito.
 
* duvido que sejam esses carecas que elas mais gostam, mas é preciso manter um certo nível....

6 comentários:

  1. Bolas, então afinal não és assim, como na foto de perfil, enxuta, cabeleira (semi) farta, jeitosona ? pronto. andas a induzir o pessoal em erro. tá mal.

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  2. Hahahahahah! Tenho 37 ;) mas sinto-me uma Uva Passa. Estou na 3ª idade da Juventude, a passar para a Infancia.. da meia idade... é tramado.

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    1. oh como eu te compreendo...(essa infancia da meia idade, achas que é quando??? é que eu só tenho mais dois que tu, e não gosto nada desse rótulo da meia idade... eu ainda me sinto uma rapariga! à parte o raio da flacidez...) Beijinho!

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  3. Gosto do teu sentido de humor.
    Mas também gostava de o ver ao comentares o que eu escrevo...
    Mas nem sequer tens o meu link...
    Beijinhos.

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  4. Já está tudo tratado.
    E fui espreitar. Caramba, tu és um grande poeta e tens uma legião de admiradores que te seguem. Parabéns. Quando escreveres uma coisa que me toque, dou-te um toque.

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