2 de junho de 2014

Barcos e água e remos e bolhas...

Ontem, naturalmente, o dia foi todo dela.
Tinha ideia de fazer alguma coisa que fosse, por um lado diferente para a pequena, e por outro, uma primeira experiência para todos.
A ideia (genial) que me ocorreu, era piscar o olho à feira do livro; a mãe lambia os dedos, o pai bufava de tédio e a miúda via os teatrinhos que por lá se fazem nestes dias. Além disso, estava uma ventania do caraças em Lisboa, e de certeza que nos íamos divertir imenso a ver os livreiros todos a correr de um lado para o outro a agarrar os livros no meio do vendaval.
Tudo certo até aqui, ou pelo menos tudo certo até chegarmos ao Campo Grande.
Criou-se ali uma oportunidade dos diabos. Decerto que estacionar no pacato Campo Grande, seria mais fácil do que andar às voltas no Marquês.
Há tempos que andava com uma fisgadinha. Um jardim tão bonito no meio da cidade, e nunca lá tínhamos ido os três. O miúdo crescido poderia explicar à miúda pequena o quão maravilhoso foi namorar estudar na Lusófona, e a mãezinha poderia finalmente realizar aquele desejo que lhe zunia há tempos atrás da orelha.
Vamos todos andar nos barquinhos do Campo Grande? Weeeeeeeeeee!
A miúda ficou um pouco apreensiva.
Barcos? Água?  Não achas melhor ir a casa buscar as minhas bóias?
Não. Está tudo bem. A mãe já atravessou lagoas e rios, mares e oceanos, a nado, por isso não te preocupes.
Já o pai, que viveu 28 anos na outra margem, rios é com ele. Aliás, rios é tu lá - eu cá.
Trinta minutos, cinco euros. E uma ventania do caneco...
Primeiro entra a mãe....eeeee zás! O rabo justo em cima de uma poça de água que apanhava sol em cima do banco. Lindo. Os passeios são sempre muito mais agradáveis com as cuecas encharcadas em água verde. Depois a cachopinha pequena (tesa que nem um bacalhau), e depois o pai, o grande timoneiro de barba por fazer rija qual Robinson Crusoe das Lisboas, capaz de conduzir até às madames mais obesas, daquelas que quando caiem é para os dois lados, por esses canais de Veneza a fora. E uma ventania do caneco...
Quinze minutos depois, e o barquinho que era suposto deslizar pelas águas calmas do lago, proporcionando uma tarde prazeirosa à família suburbana, ainda não tinha descolado do porto. O grande timoneiro, que havia iniciado uma luta desenfreada com os remos, e com o barco, e comigo, e com a franja, e depois com tudo o que era coisas que andavam no ar, suava a estopinhas e bufava, bufava, e o vento implacável soprava, soprava.
Quando conseguimos finalmente zarpar, já o miúdo crescido estava alagado em água, e em bolhas.
- Mãe, eu não te disse que precisava das bóias...
Resumindo: A miúda acalmou bastante, e até nos divertimos muito no resto do passeio, quando eu, a mamã frágil e tímida, me agarrei aos remos e em 5 minutos dei 10 voltas ao lago.
Está visto que deste ano não passa e é mesmo desta que compramos um barco novo lá para casa, nem que seja para o miúdo ir treinando na banheira...
 

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