13 de outubro de 2014

'Os Maias' de João Botelho - by Uva Passa

Olá, olá.
Pois que ainda não tinha vindo aqui falar-vos desse mistério, ou direi buzz, que está instalado em redor do filme do João Botelho e que, esgotadíssimo, tem levantado imensa fervura nas tertúlias cinematográficas por esses botecos a fora.
Em primeiro lugar, e antes que me esqueça, como se isso fosse possível, em frente ao Cinema Ideal, onde vi o filme, instalou-se a 8º maravilha do mundo em pasteís de nata.
É verdade. Um cunico do tamanho de um Bago de Uva, sem mesas, sem bancos e sem peneiras, a Manteigaria União, deu em fazer, para mal de muitos dos meus pecados (quase todos) uns pastéis de nata de morrer e chorar por mais, se isso acaso fosse possível, e na verdade é, se pensarmos que uma pessoa prova aquilo, e depois quer morrer e não pode.
Pois não morram sem lá ir, que são deliciosos.

 Manteigaria União (ao Largo de Camões)

O filme. 
Pois o filme é do João Botelho, eeeeee levei três horitas naquilo.
Vê-se muito bem, por acasos, mas a primeira parte é um nadinha macambuzia, com planos inclinados e tremeliques de câmara a fazer parecer um filme de terror dos anos dez, mas enfim, são apenas vinte minutos no total das três horas, e vale muito a pena acordar, quando essa parte acaba.
A primeira crítica é para o protagonista. Um rapaz tão engraçado, tão jeitoso, e coiso e tal, metido com uma brasileira... Ó Botelho, não se faz. Ainda para mais depois de saberes, e não sabes tu outra coisa, o que as brasileiras andam a fazer aos casamentos cá do burgo.
Teria preferido um Carlos da Maia mais sedutor, mais atrevido, ao invès dum médico barbudo e sem brilho, que passa a maior parte do filme sentado, com um Poodle no colinho.

Por mim substituía o Carlos da Maia [Graciano Dias] pelo Vilaça [Filipe Vargas - na foto] e o filme era logo outro. Mas isso sou eu a dizer.
Na Casa do Ramalhete, que mais parecia o jazigo do Conde Drácula (tal foi a tenebrosa decoração que lá se fez), esqueceram-se  das janelas, coisa que me encanitou, mas não se iludam se pensam que foi só o Ramalhete que caiu na desgraça do cenógrafo, que não foi, tudo é tenebroso naqueles cenários, mas talvez o ICA não tivesse dinheiro para mais.
Quem sabe?

O Ega [Pedro Inês] esse personagem maior, começou tímido, inseguro e pouco trabalhado, mas depois foi o melhor do filme. Chique a valer.
Um grande aplauso para Tomás Alencar [Pedro Lacerda] que foi o meu preferido, e outro para a minha diva Rita Blanco, que na sua minúscula participação, ficou na retina de toda a gente.

Carlos da Maia [Graciano Dias] e Tomás Alencar [Pedro Lacerda]

Mas fez-me rir.
E não é um filme cómico.
Fui ver ao cinema, mas não é um filme.
Não fosse o Eça, e o filme era bem capaz de ser um flop.

5 comentários:

  1. Já perdi a conta às críticas que li sobre este filme, sempre à espera que alguém diga que até não é muito mau, mas definitivamente começo a ficar convencida que é um filme que chacina a história “contada” por Eça e idealizada por nós. Se nem a personagem do Egas (a minha preferida) escapa, rendo-me.

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    1. Não é muito mau, e até não é mau de todo.
      Se te aborreceres podes sempre ir comer um pastel de nata...
      O Ega foi dos melhores, mas demorou até ficar de pé.

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  2. Lá está porque nunca vou ver um filme extraído de um bom livro.
    Estraga sempre.
    (já enviei mail)

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  3. Não foge muito ao que tenho ouvido dizer, de pares meus, não. Vale pelo João da Ega, pelo Velho Maia e algum jogo de luzes.
    Sabes, é daqueles onde nunca verei a riqueza das descrições paisagísticas ou o ambiente pseudo-chique das corridas de cavalos. E a Gouvarinho, santa engrácia?? Como eu imagino a Gouvarinho!! Quem faz dela? E aquela cena da tutora inglesa a fornicar um zé ninguém às 2 da matina, nos arbustos dos Olivais? Isso vê-se? :)

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    1. Tens tudo sobre o filme aqui: http://www.ardefilmes.org/osmaias/
      Não se vê nada disso.
      Só se vê o Carlos da Maia a fazer aquelas coisas com a irmã.
      De resto, o livro, ou antes, o EÇA é que é o verdadeiro artista, sem ele o filme era um flop.

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