8 de março de 2016

Do bolor

Depois da entrevista, o meu género jornalístico favorito é a crónica.
A crónica de um jornal diário, por exemplo, tem um peso muito significativo nas vendas do mesmo. O mesmo para a entrevista, se o entrevistado for de peso, e se o leitor não for rigoroso com a escolha do entrevistador. Falo por mim, à exceção de muito poucos entrevistados - que sozinhos e naturalmente desfiam o seu rosário sem precisar de quem os guie -, conheço poucos entrevistadores que me encham as medidas.
Já na crónica sou menos rigorosa, e talvez por isso, por achar que qualquer cabecinha escreve para dois dedos de testa, sou apanhada no meio de leituras más, medíocres, ou autênticos flops literários, que as direções se obrigam a manter, por questões que naturalmente me ultrapassam, e comummente me desgastam.
Pagas. Bem pagas.
Nesta fase, só para me situar, os cronistas mais conhecidos do papel, se considerarmos 'papel' aos jornais mais lidos de Portugal, são uma Clara Ferreira Alves (Expresso), um Miguel Esteves Cardoso (Público), um Pedro Santos Guerreiro (Expresso), um Vasco Pulido Valente (Público), um Ricardo Araújo Pereira (Visão), um Pedro Mexia (Expresso), ou um Henrique Raposo (Expresso).
Estarei naturalmente a esquecer-me de muitos (e bons), mas na minha vidinha de carreio, não vejo para lá das serranias.

Lembrei-me deste tema porque [leio todos os dias duas ou três crónicas em papel] ultimamente me venho apercebendo de alguns cronistas bolorentos, que abandonados numa qualquer lateral jornaleira, vão proliferando as ideias a custo, se é que se pode chamar ao verdete, uma proliferação de ideias.
Falo por exemplo do Miguel Esteves Cardoso, e desculpem-me qualquer coisinha.
O MEC, como é tão bem conhecido, é actualmente um bolor que acorda sonolento e preguiçoso na lateral de uma página do Público. Caramba, um prodígio das letras (quando?), um escritor que arrebanhava leitores como os bancos arrebanham impostos, transformado num queijo curado, rijo como cornos, impossível de vender?
Quando é que isto aconteceu? Alguém percebeu quando foi que o MEC morreu? 


5 comentários:

  1. E o Ferreira Fernandes? Ai, Uva Passa, magoei.
    Maria Lopes

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    1. Ferreira Fernandes..... pois. É dos tais que fica lá nas serranias.

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  2. Não sei. Mas sou forçada a concordar. As últimas coisas que li dele eram fraquitas, fraquitas...

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  3. já são muitos anos a debitar. é possível que tenha arranjado um cansaço difícil de vencer.

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