16 de julho de 2017

O NASCER DO SOL É LINDO

[É pena é ser tão cedo]

Tenho estado aqui a matutar de onde me vem, verdadeiramente, esta mania de ser forreta.
Platão definiu num dos seus - sei lá eu quantos - livros, que o Homem é um bípede implume. Coisa mais parva para um Platão dizer, mas a verdade é que além de implumes, somos antes de tudo, parvos.
Eu tenho muito isso: de ficar muito parva quando a situação implica... ficar depenada.

Metem-se agora as férias e estou felicíssima.
Tantas possibilidades, tantos dias, semanas de seguida, três!, sem meter os pés no Rule of Law, sem pensar em ações, petições e tragédias.
Mas é tudo tão caro, sobretudo em cima da hora.
Escuso de me açoitar como faziam aos mendicantes da idade média (apesar da minha histórica pobreza) só por não ter prevenido que as férias acabariam por chegar, e que eu ia ficar como sempre fico, blasé, depois de saber que umas férias em família em Paris, em agosto, podem custar-me uns belos 1 500,00€ só na meia pensão.

O que há dois dias me parecia ser a melhor ideia de todos os tempos, Paris, Oh la la, Paris, o Louvre, a Vitória da Samotrácia e Caravaggio, Versalhes, Oh la la Versalhes, e nós os três muito lindos numa fotografia em cima do móvel da sala com os dedinhos na pontinha do Obelisco de Luxor na Praça da Concórdia,  e nós os três muito alegres com os olhos espatifados contra o relógio da estação de comboio construída por Victor Laloux, e nós os três no funicular à pinha para a Basílica Sacré-Cœur de Montmartre.
E nós os três Oh la la em Paris, de França.
Que lindo nascer do sol.

Mas depois o sacana do Oh la la Paris volta-se subitamente contra mim, dá-me três lambadas e diz:
- Perdeste a tineta? Isso é para lá de caro! Queres voltar para Lisboa como administradora da massa insolvente?

Sou tão forreta.
Que virolência!

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